terça-feira, 8 de junho de 2010

Arte no Corpo e reflexões

Numa época em que tempos e espaços são utilizados com grande interferência das ações humanas e suas intenções, renovando e realizando desejos e diferentes funções, a expressão artística também participa desse movimento e dentre suas diversas linguagens está a " Arte Carnal".
Eu desconhecia este tipo de arte até participar desta disciplina. Com o acesso a textos, imagens e vídeos e também às abordagens feitas em sala de aula, me percebi envolvida com a vontade de conhecer e entender mais uma forma de atuação e visão de mundo. Ao ler o texto "BIOARTE – ESTÉTICAS DE CORPOS MUTANTES" dos autores Edvaldo Souza Couto e Silvana Vilodre Goellner, e pesquisar sobre os exemplos dos três artistas (Sterlac, Orlan e Hagens)
citados no texto, ampliei minha idéia a respeito da capacidade do ser humano se distanciar e até mesmo se desidentificar com o próprio corpo, tornando o objeto de construção, destrução, reconstrução, modificações carnais com as mais diversas intenções, com direito a análises e produções artísticas que causam um grande impacto e se tornam conhecidas, reconhecidas e legitimadas. Este conjunto de fatores me leva a refletir sobre a nossa condição humana, ampliando minha concepção a respeito do universo humano e me fazendo pensar sobre o meu papel e minha intenção profissional em um mundo composto pela diversidade e pelo poder da aceleração e de modificação potencializados, assim como o do individualismo e do distanciamento das funções naturais do corpo.
Vejo claramente que quanto mais eu conheço, reconheço que nada sei, pois o que enxergo e realizo tem haver com meu mundo interno em relação com meus próprios limites e capacidades em diálogo com todas as condições e condicionamentos internos. Portanto, nada posso saber a respeito do outro, a não ser o que ele me revela a cada momento, me tornando diferente e talvez mais consciente ao aceitar e respeitar seu modo de agir. Posso também contribuir na vida do outro com minhas atitudes, quando revelam o respeito e o cuidado ao expor qualquer conhecimento ou opinião. Agora, entender e manipular as possibilidades e limites de qualquer ser humano em qualquer idade, para mim, é impossível, e cada vez mais difícil. Não é a toa, que o sistema educacional tradicional que busca modelar, padronizar está falido como organização ou instituição social e humana.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Camp

A palavra "camp" de origem francesa, que significa aparecer de uma forma exagerada, hoje tem seu significado mais ampliado e consolidado como uma forma de ser/atuar com artificialidade, exagero, causando um impacto.

Entendo que um dos fatores para que nós seres humanos sejamos artistas, e principalmente nos tornemos populares e conhecidos é aparecer de forma que chame a atenção. Não que a autenticidade, inteligência e criatividade se resumam ou sejam sintetizadas pela aparência, mas ela representa diversas dimensões da existência humana, que conscientemente ou inconscientemente afetam e influenciam sutilmente, porém profundamente o imaginário individual e reflexivamente social.

Ao assistir o filme " Má Educação", apesar da suposta confusão que se passa na história, para mim ele tem o efeito contrário, pois vejo esta confusão desde que me entendo por gente. Para mim vivemos num caos psicológico, pois os próprios pais mentem para os filhos, sendo que eles também foram educados na mentira..e por aí vai... Ao ver as imagens e ouvir os diálogos e outros sons do filme, minha mente foi estimulada à perceber com mais clareza como transformamos nossa vida, nossos valores, nossos anseios e até nossos sentimentos em algo cotidianamente teatral. Teatral no sentido de não significar ou transparecer relações verdadeiras. E atores de teatro encontram o espaço para representar e até mesmo sentir, expressar e ACEITAR desejos, valores, sentimentos e sentidos da vida reais, intríssecos e comuns á todos os seres humanos, sem desconsiderar a individualide de cada um.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Ludicidade e Educação: um avanço na compreensão - como consideramos a ludicidade nos processos pedagógicos?

A ludicidade, etimologicamente tem origem na palavra "ludus", que significa jogo. Com o seu significado ligado à vários aspectos das dimensões de evolução e desenvolvimento humano, o lúdico, se caracteriza por ser espontâneo, funcional e satisfatório. As atividades lúdicas têm sentido em si próprias, permitem a ação, a atitude individual e a descoberta dos próprios potenciais, assim como dos próprios limites em relação aos conhecimentos em questão.
Idealmente, o lúdico seria fundamental para um processo educacional de aprendizado e formação humana em que se considera importante a criação de uma base psicológica e física harmoniosa, para a criatividade e a participação social crítica, com "apreendimento" dos conhecimentos construídos no passado e capacidade de enxergar a realidade e a forma construtiva de utilizá-los.
Portanto, “É fundamental que se assegure à criança o tempo e os espaços para que o caráter lúdico do lazer seja vivenciado com intensidade". (MARCELINO, NELSON.C.,1996.p.38)
Entretanto, é comum a utilização do lúdico como uma estratégia "barata" de convencer a criança do que é importante ser aprendido, e de que a principal "detentora" do conhecimento é a professora. Neste caso o aluno, etimologicamente a(sem), luno(luz), é o indivíduo passivo que deve estar disposto e aberto a receber os conhecimentos, as repreensões e os controles dos(as) professores(as) e instituições.
O sentido real e a importância fundamental do lúdico no processo educacional parecem ser muito revolucionários, nos levam a enxergar uma nova forma de aprender e aprender a gostar de viver e aprender, sendo também assustadora, pois há um padrão de referências inculcado na mente de muitas pessoas, que se sentem presas e seguras, mesmo que angustiadas, há uma lógica bárbara, desumana, criada e alimentada por nós seres humanos.
Criamos nossa gaiola, vivemos aflitos nela, mas temos medo de voar livremente, pois já esquecemos como é a liberdade.

Na teoria, chegamos a compreender que o aprendizado acontece a todo momento, intrínseco à condição humana, de uma forma não linear e tão controlável e generalizada, como se prevê as formas de ensino e avaliação utilizadas e que o professor deve estar apto a organizar os conhecimentos e mediar o processo de aprendizado com sua maior capacidade reflexiva, técnica e experimental das áreas em que ocupa o papel de educador. No entanto, na prática, pouco se vê formas mais dinâmicas, inteligentes e funcionais nos processos de transmissão / apreensão / construção de conhecimentos úteis, ou com sentido interno e/ou externo.

Penso que um bom exemplo prático de dinâmica de ensino é o desta disciplina. Apesar de não termos um caráter objetivamente lúdico, temos este espaço de troca, transmissão e construção de conhecimento que nos permite atuar ludicamente e incluir este aspecto enquanto escrevemos, relemos o que escrevemos e temos contato com o que os demais colegas escrevem.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Lúdico e Educação

O processo educativo, que tanto discutimos, estudamos e participamos, faz parte desta aventura que é a vida. Aventura que tem sim seu aspecto de seriedade, trabalho e compromisso, mas que não impedem, inclusive acontecem de forma muito mais eficaz, se soubermos parar com a produção desenfreada. Exigir além dos nossos limites só é muito bom para causar irritação, stres e doença, e também muita falta de educação em todos os sentidos desta expressão. Entra aí o lúdico, a brincadeira, a pausa, a subversão ou inversão de algumas coisas já colocadas, que alimentam, e encantam a alma, permitindo um melhor funcionamento do organismo e suas faculdades físicas e intelectuais, pois experimentamos a possibilidade da liberdade inata ao milagre da vida.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Estética

Para nós que fazemos a disciplina Dimensão Estética da Educação, não há nada mais justo que entender, com a ajuda do textos que lemos antes da aula e durante esta, e com as explicações do professor, dialogando com nossos referenciais e ideias pré-concebidas, o que é a ciência da estética.
Para nosso senso comum, desenvolvido e legitimado culturalmente, com uma educação que limita, controla e bloqueia nossa possibilidades, capacidades e habilidades de dedicar nossa atenção para o refinamento dos sentidos e suas competências perceptivas, conceituamos superficialmente a estética como o que é aparente e tem como objetivo final, ou já representa o belo. O belo do físico, da simetria corporal, das proporções padronizadas como ideais. No entanto, a estética é fundamentalmente a ciência ou consciência da sensibilidade e da percepção humana. E educar para a superação da barbárie é necessariamente educar para o aperfeiçoamento dos sentidos, para o aprimoramento da sensibilidade, pois seres humanos atentos, perceptiveis e sensíveis podem construir uma realidade além do caos do passado e deste que vivemos e prevemos para o futuro.

terça-feira, 6 de abril de 2010

http://www.youtube.com/watch?v=0tI7Kqpm7OM

Mais compreensões ... !?

Continuando a análise/estudo do texto e a compreensão dos signos e significados da era da rerodutibilidade técnica e o(s) objeto(s) de arte, hoje escrevo sobre a diferença entre o valor de culto e o valor de exposição. Estes, citados e explicados por Benjamim e pelo Professor na aula de hoje, podem ser "sacadas" fundamentais para perceber como se constrói ou se cria o contexto e os acontecimentos, assim como ter conscientemente um posicionamento diante do jogo da vida e o sentido de nossa presença como cidadão, produtor, consumidor, formador, em formação e educador, assim como das possibilidades de utilização dos instrumentos disponíveis.

Tratemos então, sobre o que é o valor real de um objeto. Qualquer produto se resume na soma do custo de duas ou mais matérias primas e o tempo gasto para gerar esta novidade, resultado da união de materiais diferentes e da força e poder de trabalho e criação do homem. Este é seu valor. No capitalismo, pelo fato de mediarmos as trocas com a moeda de troca (dinheiro) se tem o valor do produto traduzido em quantidade de dinheiro. A este produto, é agregado os impostos que podemos decodificar como a ocupação de um determinado espaço ou segmento do mercado e/ou do governo, traduzidos também em dinheiro. Por fim tem-se a mais valia, o lucro. Este permite o acumulo do dinheiro/ do capital que representa e de fato proporciona poder nas relações sociais gerais. Este lucro, ou mais valia, varia de infinitas formas e isto se dá não mais por fatores concretos, mas sim por fatores simbólicos, sútis que estão ligados ao ego do ser humano. O prestígio, o reconhecimento, a expectativa em torno de um produto muda em questão de instantes seu valor.

O valor de culto, esta ligado a importância que se dá para algo único, distante, misterioso, perto do desconhecido. Este valor se dava pela possibilidade de expectativa, esperança, que se cria por algo distante, longe de ser alcançado. Isto aguça e estimula a ansia do ser humano pelo o que não conhece, pela raridade, pela novidade. Também estimula os projetos, planos para a próxima possibilidade de encontro, sempre distante e difícil. Híper-valorizando aquilo que com muito esforço poderá ser visto, quem sabe tocado, e quase que impossivelmente comprado ou possuído.

Com a reprodutibilidade técnica, tudo torna-se mais próximo, acessível. Não se precisa ir a nenhum lugar para ver nada. De qualquer lugar se vê tudo. Compra-se cópias de tudo. Tem-se imagnes dos mais diverso objetos e lugares dentro da casa própria. Sendo assim, com a facilidade da visão, do contato, inverte-se a situação antes vivida, tem mais valor aquilo que é mais visto, mais procurado, mais comentado. O que está em evidência é valorizado. Entra aí a passagem do valor de culto para o valor de exibição, atribuídos as obras de arte antes, nos momentos de transição e na Era da reprodutibilidade técnica. O valor de exibição aumenta quanto maior for a quantidade de possoas que valorizam a exibição de algo. Para criar um contexto de exibição que será reconhecido deve-se criar um fato, algo que que se relaciona com aquilo que permeia o inconsciente coletivo. Quanto mais pessoas forem influenciadas a valorizar, esperarem a exibição, mais valor ela tem. A própria quantidade de pessoas vendo, e a disputa entre elas, torna um prêmio, uma vantagem, obter algo sobre aquilo que está sendo visto por todos.

Hoje em dia, podemos perceber o acontecimento disto em todos os meios de comunicação, nas construções das carreiras artísticas, nos jogos políticos, nas salas de aula, nos lares e encontros sociais. No entanto percebo que o comportamento humano em situações e resultados coletivos, está sempre oscilando entre valorizar exarcebadamente o que é raro e distante ou aquilo que aparece em todo lugar. Fora de uam situação de equillíbrio, e na profunda necessidade desta, o homem vária entre atitudes opostas, contraditórias, produzindo uma realidade, reflexo de sua confusão interior.

Talvez seja um bom papel da educação se desconfundir e tentar clarear sua própria situação e partir para ações mais equilibridas, baseadas na vida real e a favor dela. Pois estamos cada vez mais distante da vida, longe do que somos, perdidos em idéias, ideais e imaginários que se tornam fundadores de uma "realidade" em sono profundo, sonhando com uma vida não vivida e acordada pelos pesadelos das injustiças, desigualdades, desumanidades, preconceitos e fome.

Indico uma música: "Só Deus pode me julgar" de MV Bill, para ajudar nesta observação, e quem sabe ajudar no despertar e decisão de viver conscientemente.